Du merkst nicht, daß du nichts merkst.
(Hans Magnus Enzenberger)
A borra de café no fundo da xícara. 11
Não deixarás de notar o morno estigma:
brilho negro cintilando ali no fundo
antes quase branco na louça. Descuido
meu de ter notado e deixar que a consciência 11
se emprenhe em alucinações visivas, entre as
quais um gancho e junto um laço dito aziago
os quais, por bem ou mal, prontamente esmago
vertendo mais café na taça presságica, 11
meio ao ruído do convivial alvoroço
do costumeiro cigarro após o almoço
e a segunda cigarra que chama à fábrica.
E, no entanto, esvaziado o copo, aquela 11
mácula insiste. E esgotada a pausa previne
que eu disfarce com mais líquido a sequela...
Só resta então a compaixão dos que me assistem,
e, com resignação, pondo a língua em riste, 11
anunciar a figura e o que significa.
Até que outro, após ríspida inspeção, diz-se:
Não, isto não é senão (sem modo ou mística)
a borra de café no fundo da xícara. 11
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